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A mostrar mensagens de setembro, 2005

Atenção Judeus

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Por Carlos Quevedo e Nuno Miguel Guedes "...O rei de Portugal D. José I tinha ordenado que todo o português que tivesse sangue judeu deveria usar um chapéu amarelo. Alguns dias, mais tarde, o marquês de Pombal apresentou-se na corte com três desses chapéus debaixo do braço. O rei, surpreendido, perguntou-lhe: “O que quereis fazer com tudo isso?” Pombal respondeu que queria obedecer às ordens do rei. “Mas - disse o rei - porque tendes três chapéus? “ “Tenho um para mim - respondeu o marquês - outro para o grande inquisidor e um para o caso de Vossa Majestade desejar cobrir-se” Cecil Roth, A history of The Marranos . Este é o povo mais perseguido e paternalizado de todos os tempos. Do ódio gratuito à protecção oficial, conheceram tudo. Em Portugal também. Esta é uma pequena história de como nem sempre fomos de mui brandos costumes. Não existe nenhum povo tão odiado nem tão protegido como o povo judeu. Consegue dividir a humanidade em extremos que vão do anti-semit

A capa da K

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Uma Capa Memorável...

Sr. Professor Vergílio Ferreira

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Por: Pedro Rolo Duarte Sentado no seu cadeirão castanho, Vergílio Ferreira esperava um entrevistador. Apareceu-lhe um antigo aluno do Liceu de Camões. O professor voltou a falar-lhe no caderno diário, nas faltas, nos exercícios escritos. E voltou a dizer, como sempre, que nunca gostou de dar aulas, e que hoje vive apenas para escrever. Mas, por uma hora e meia, regressou ao passado e deu matéria. A matéria toda que o aluno queria ouvir. O PROFESSOR não sabia, não se lembrava do nº 2ó daquela turma mal comportada do 11º ano do Liceu de Camões. Mas eu lembro-me bem dele: caminhava pelos corredores de mãos atrás das costas, ligeiramente curvado para a frente e era assim que entrava na sala, sem um sorriso, uma palavra, até que todos estivessem sentados e calados. Então começava a correcção do trabalho de casa e mais uma aula densa, fria, chata, cheia de gramática e apontamentos e perguntas a que nunca sabíamos responder. Uma vez por outra, chegava um "ponto". Um

O tédio fim-de-século

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Onde estão os novos pensadores, os novos pintores; os novos políticos, os novos valores, os novos comportamentos? Onde está a novidade? Em lugar nenhum. Acabou-se. Agora e sempre a mesma coisa. As mesmas caras. Os mesmos nomes. As mesmas modas. Está tudo velho. E não é só em Portugal. O século está a cair de podre. Há revivalismos retros, classicismos nouveaux, pós-ismos, eclecticismos generosos, pluralismos transdisciplinaridades, novos niilismos e tudo o que se quiser. Toda a tradição existe hoje na sua versão neo. Ate o rococó voltou na sua versão néon. Há neo-tudo. Só não há é novidade. Tudo está por redescobrir, mas nada há pura e simplesmente para descobrir. Onde está a vanguarda? Onde está a ousadia? Onde está a originalidade? Restam apenas as anedotas. Em Lisboa, por exemplo, anuncia-se a construção de um Museu da «Modernidade». O mês passado a K foi criticada, bem ou mal, por ter inventado uma nova geração de portugueses. Fizemos abertamente o que é costume fazer inconscientem

Uma Aventura com o Dr. Mário Soares

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Texto: Vasco Pulido Valente Fotografia: Público 1. No princípio de Janeiro de 1985 e estávamos em pleno «Bloco Central», quando pedi ao dr. Mário Soares que me respondesse a um questionário académico sobre o papel do Primeiro-Ministro. Não lhe falava desde 1979. Ele não tinha apreciado a Aliança Democrática e proclamara, em círculos indiscretos, que me achava «telhudo». Para meu espanto, ele disse que sim e, no encontro, foi extravagantemente amável. À saída, chegou mesmo ao excesso e requinte de ir comigo ao elevador do 2° andar de S. Bento e de me oferecer os seus inestimáveis serviços. Estas vénias, eram tanto mais prodigiosas, quanto ele não ignorava que o «telhudo» escrevia semanalmente sobre ele no Diário de Notícias, coisas celeradas e pérfidas, com o objectivo confesso de o remover de Primeiro-Ministro. Houve outros sinais: um sorriso cúmplice do dr. Almeida Santos que me inquietou; um beijinho público da dra. Maria de Jesus, que me sobressaltou; abraços efusivos de obscuros