Conversas de ir ao Bip - Os homens
Fotografia: Pedro Cláudio
Este é sem dúvida um artigo clássico que merece um destaque especial. O que terá mudado em dez anos? Seria interessante fazer uma mesma conversa nos dias de hoje... Um artigo semelhante a este será publicado brevemente com a perspectiva feminina.
"Os mulherengos não são uma raça extinta. Oiçam-lhes a verdade nua e crua. Sobretudo nua.
Não vale a pena estar com rodeios ou mentiras de ocasião: o que aqui se vai ler é absolutamente verdadeiro, retirado directamente das bocas de seis experientes exemplares do sexo masculino que discorreram livre, sincera e anonimamente - sobre todos os exemplares do sexo feminino. Se o resultado ofende sensibilidades ou choca moralidades, a culpa não é nossa: nada - mas mesmo nada - foi inventado. As mulheres podem ficar surpreendidas e escandalizadas por lerem pela primeira vez como eles falam delas: mas o homem que disser o mesmo mente, porque é impossível que ao menos uma vez na vida não tenha tido ou ouvido semelhantes conversas.
Os participantes desta animada tertúlia são todos senhores doutores, muito bem instalados na vida e com boas maneiras à mesa. Alguns chegam mesmo a ser casados. O que nos leva a constatar que nem os misóginos escapam.
Para evitar uma prematura saída de circulação desta edição e sobretudo porque ainda há gente que preza os seus empregos, decidimos substituir algumas expressões demasiado quotidianas. No seu lugar, irá aparecer um efeito sonoro de censura: o conhecido bip, acompanhado das suas declinações. Acreditamos que nem sequer os leitores mais atentos irão perceber pelo contexto o que se esconde (ou se põe à mostra) por detrás (salvo seja) de cada bip. ;
Sem se ter chegado a uma conclusão, foi possível verificar que as vidas dos homens são incrivelmente parecidas, e que as mulheres, meu Deus as mulheres são tão diferentes que apetece conhecê-Ias a todas. Prometemos entretanto que elas também terão direito a falar deles como quiserem. Garantimos o anonimato. Até lá, cuidadinho com homens educados, doutores e com boas maneiras à mesa. Alguns chegam mesmo a ser casados.
- A ideia é esta: as mulheres são objectos ou não? Isto é uma pergunta. Quando é que se pode bipar ou embipar uma gaja, quando é que uma pessoa tem confiança para... Depois, há diversos temas, doenças, o problema do adutor...
- Pois, problemas físicos...
- A higiene, a menstruação.
- E o trabalho que elas têm, aquela ficção das mulheres que têm trabalho e julgam que são...
- ...profissionais...
- ...engenheiras e que são...
- e que têm profissões; arquitectas, designers, antropólogas.
- O que é que as mulheres, no fundo, querem?
- As mono-orgásmicas, pluriorgásmicas as nada orgásmicas, mulheres com ejaculação precoce... agora há muitas coisas.
- Quando é que se desiste, quando é que é decente um gajo desistir? ...
- Desistir de quê?
- De fazê-Ia bipar-se.
- Qual é o limite do razoável? Outro tema: como deixar uma mulher? Como se faz para andar com várias. Distron.
- Essa do Distron...
- Nunca conheci uma que usasse.
- Sabe horrivelmente mal. Sabe dez mil vezes pior que o ácido úrico, amarga, arrepanha...
- Tipo amoníaco?
- Horrível! É o problema de ela pensar que vai entrar na vida artística contigo e "olha, vou só à casa de banho num instante" e lá vai ela fazer a sua higienezinha. Depois pensa que está asseada e só sabe a desinfectante.
- Sabe a piscina, a pirolito dentro da piscina.
- Eu prefiro o sabonete.
- Mas depois há segregações inerentes à própria...
- Sim, sim.
- O melhor é o sabão.
- É só enxaguar. Passar por água.
- É pena porque se perde aquele sabor metálico que às vezes é agradável... a aço...
- Isso é ácido úrico.
- Depende da personalidade de cada uma. E da cor do cabelo.
- As louras são piores. E as virgens piores ainda.
- Eu cá nunca bipei uma virgem.
- Eu só uma e ficou...
- Incompleto.
- Falta-te um diploma.
- Eu só duas.
- Eu só uma.
- Eu nunca e acho que não quero.
- Comigo foi engraçadíssimo porque eu não sabia. Foi há muitos anos. Dez anos.
- Já foste com algumas que fingem que são virgens?
- Não.
- Eu já.
- A melhor vez que fui, fui enganado. Foi uma que começou "Vamos bipar." Depois disse: "Isto afinal não é como dizem as minhas amigas. É uma grande merda."
- Virgens houve uma, minha namorada há dez anos, na altura em que era virgem. E outra há um ano. No último Outono. Estava no Kremlin com amigos, já meio grosso, e uma gaja novinha pôs-se na minha frente a rir-se muito. Fui buscar um copo e quando voltei ela continuava. Fiquei ao lado de já não sei quem, na conversa. Ela veio pôr-se ao meu lado. Fiquei lá na treta, na conversa com ela até às sete da manhã, até o Kremlin fechar. As amigas vieram perguntar se ela se ia embora e ela "Não, fico mais um bocado" e eu "Depois levo-te a casa." Aquela conversa.
- Conversa de ir ao bip.
- Sim, mas estávamos naquela de conversa decente. Podia ser minha namorada. Depois, já não sei como, ela foi parar a minha casa e estivemos na conversa no sofá. Pronto, vamos passar para a fase do quarto. Ela vira-se para mim e diz assim, com um sorriso de morrer: "Só há um problema, é que eu sou virgem." Eu não fazia a mínima ideia.
- O que é que fizeste?
- Bem, ela disse-me que tinha um problema.
- E resolveste?
- Ela nunca mais me largava...
- Estavas muito alcoolizado?
- A primeira vez não, mas não dava com aquilo. Deu trabalho, mas foi engraçado. No fim, compensa. E esse trabalho pedagógico de iniciação também é engraçado.
- Quando apanhas uma mulher na segunda bip é sempre melhor do que na primeira.
- Na primeira sofrem muito... ficam brancas.
- Será que as mulheres respeitam o homem que lhes tira os três?
- Respeitam? Veneram!
- Por isso é que elas não me têm respeito nenhum.
- Tenho medo. Já estive com uma virgem na cama e não a bipei.
- Quem é que as anda a bipar?
- Se calhar há um gajo que anda a bipá-las todas.
- São os primeiros namorados. Calha uma a cada um.
- Está certo.
- Mas eu não bipei a minha.
- Sim, mas eu já bipei duas.
- Dá conta certa.
- Novo tema: os adutores. Depois de um fim-de-semana muito sobrecarregado não ficas à rasca da perna?
- Isso afecta o pessoal mais gordo.
- Gostas mais de ser bipado ou de bipar?
- As duas coisas ao mesmo tempo. Quando estou mais bêbado gosto mais de ser bipado.
- Qual é a diferença?
- Uma mulher a bipar é muito mais sensual do que nós. Nós a bipar somos uns animais. Eu não tenho sensualidade nenhuma. Sou um javardo. Ou seja, nunca lhes pergunte "Sou muito sensual?”
- Odeio que me montem.
- Eu gosto das clitorianas.
- Eu estou-me nas tintas.
- Estás-te nas tintas?
- E o que é uma vaginal, afinal?
- São as que se bipam à bip.
- Por trás? E o ponto G?
- O ponto G não existe.
- Ande dias e dias à procura do ponto G e não encontrei. Tudo passado a pente fino.
- E as que se bipam por todo o lado?
- Tantas namoradas que eu já tive e que nunca se biparam...
- Nunca aconteceu dizerem-me isso.
- Se calhar têm vergonha.
- A maior parte das mulheres não finge.
- Há muitas que fingem.
- Não enganam ninguém.
- Não enganam? Nós é que não enganamos ninguém.
- Tive uma namorada com ejaculação precoce. Bipava-se logo.
- Isso é muito prático.
- Se gostas de bipas de meio minuto.
- E preciso saber aguentar.
- Isso é outro tema. Como se aguenta?
- Estou a chegar a uma idade em que consigo aguentar meia hora.
- Que idade é que tens, para eu saber quando é que vou conseguir lá chegar?
- É uma questão de disciplina.
- Meia hora? Então é porque estás velho. Eu só bebendo muito é que consigo.
- Não consigo controlar-me é se estiver com os copos.
- Há imensas coisas. A coisa pode ficar por ali imenso tempo. Converso.
- Pensas no cão?
- Eu penso em batatas podres, em lixo.
- Eu penso nos três anos de impostos por pagar, no IV A.
- Eu penso que estou a andar de bicicleta.
- Eu também!
- Este é o daquela frase "As mulheres são todas umas bip e é por isso que a gente gosta delas." É uma boa frase.
- Ainda por cima é verdade. Eu sou testemunha.
- Que é que fazes com uma gaja que está com o período?
- Faço a mesma coisa.
- Eu já fiz, mas já não faço.
- Eu fiz por engano.
- Não viste, estavas às escuras.
- Fui gozado por um amigo meu quando saí do quarto. O gajo disse que eu tinha sangue no nariz.
- Quando éramos putos, havia aquela coisa que era de homem um gajo não fazer bipadas. Aquele dizia "ninguém faz, ninguém faz, mas a verdade é que elas aparecem feitas".
- É verdade. Há 2 tipos de homens: os bipeiros e os mentirosos.
- Qual é a idade que acham melhor?
- Com as muito novas não se passa nada. Gostam de bipar mas não sabem.
- As melhores, as que eu gostei mais, foram as que já tinham sido casadas.
- Ora bem.
- De longe as melhores.
- As melhores são aquelas que um gajo ensina.
- Há uma coisa que hoje me cansa. A juventude. Vejo os putos passarem bêbados e lembro-me de quando tinha 18 anos. É uma altura que não tens...
- Isso é porque estás velho e a tentar justificar.
- Não, não estou velho.
- Desculpa. Um gajo aos 14 anos anda permanentemente...
- Mas dá menos...
- Dá muito mais. Nem tem comparação. Aos 18 anos, eram 11 e 12 por dia.
- Bipias?
- É triste mas é verdade.
- Não gostam nada.
- Não, eu acho que é preferível um gajo partir um armário.
- Isso é mais o estilo delas. Um gajo chatei-as e elas começam a partir as tuas coisas.
- Eu levo é muito estalo. Nunca dei, mas já levei uns valentes.
- Eu também. Já levei muitos.
- Até fiquei traumatizado.
- Que engraçado. Eu nunca levei.
- Eu também não.
- Eu já levei.
- Eu também.
- Devo ser um gajo porreiro. Nunca levei nos cornos.
- Um gajo quando bate é à bruta, não é?
- És obrigado. Dizes: "vai-me doer mais a mim do que a ti".
- Gostam de ser maltratadas na cama e bem cá fora. Essa é a combinação ideal.
- Como deixar uma mulher?
- Eu tenho lá uma em casa.
- Eu sou cobarde, quando quero deixar uma aproveito a primeira discussão para exagerar no tema de maneira a ser a última...
- Mas consegues que seja a última?
- Consigo...
- Eu já fiz isso mas sou muito efémero. Volto atrás.
- Eu sou totalmente cobarde... Se uma mulher me telefona e me pergunta "gostas de mim?” respondo “claro que gosto”.
- Eu faço com que sejam elas a deixar-me. Torno-me chato, tão chato, que são elas a deixar-me.
- A melhor maneira de deixar uma mulher é arranjar outra.
- Já repararam que numa relação prolongada com uma mulher, quando alguma coisa vai mal, a primeira coisa que ela faz é fechar as pernas?
- Nós podemos estar zangados, andar à porrada com elas, embebedar-nos, podem até pôr-nos os cornos - no dia seguinte, ou na hora seguinte, estamos em cima dela.
- Somos básicos.
- Ela, à primeira, arranja dores de barriga, de cabeça, problemas no trabalho...
- E a partir daí sabes quem controla? É ela.
- Um gajo quer sempre bipar. Um homem quando se zanga ou faz as pazes quer é bipar.
- As mulheres dizem que não. Que é violento. Querem ternura. A ternura é o cancro dos anos 90.
- Já fui gozado quando estava zangado. Um gajo fica mal visto e perde a posição moral.
- Eu entalo a bip no elástico das cuecas para não dar parte de fraco.
- Tu gostas mesmo de estar com elas.
- Gosto.
- Eu venero-as.
- Gosto muito da psicologia feminina.
- Psicologia feminina?
- Básica, previsível, violável.
- O que é que as mulheres realmente querem?
- Agarrar um gajo. Convencem-se a gostar de um gajo.
- Querem sempre casar-se. Mesmo quando dizem que são independentes.
- Querem estabilidade.
- Querem melhor.
- Depois de terem sido casadas pela primeira vez, de sentirem a dependência, querem é independência.
- Eu acho que somos todos cavalos. Elas apostam. A meio do percurso dizem: "Este cavalo não vai a lado nenhum". Divorciam-se e mudam de cavalo.
- Gosto da metáfora.
- Uma mulher bonita e inteligente arranja sempre quem a sustente.
- Porque é que um homem precisa de muitas e uma mulher precisa de um homem só?
- E porque é que elas não têm amigas?
- Odeiam amigas.
- Há uma coisa que me entristece imenso. É que a mulher é o único animal que quando está bem muda-se.
- São muito práticas.
- Acham que somos todos uns atrasados mentais e que nos divertimos com coisas superficiais.
- Têm ciúmes do convívio masculino.
- Divertimo-nos imenso. Somos capazes de rir com uma coisa completamente primária.
- Não sabem ser primárias como nós. Os nossos amigos são sempre os seus inimigos.
- Não acreditam que se esteja na conversa até às sete da manhã.
- Acham logo que um gajo esteve no engate.
- Outro tema. Fidelidade. Eu já fui.
- Eu também já fui. Mas por cobardia.
- Eu tenho ciclos.
- Toda a gente tem. Não se é fiel por princípio. Acontece.
- Nada entre um homem e uma mulher é uma questão de princípio.
- Fico chateado quando vejo as antigas namoradas com outros.
- Eu não porque elas estão sempre a olhar para mim.
- A propósito de fidelidade. Já fui fiel durante muito tempo e fazia ponto de honra em sê-Io.
- Eu sou fiel de coração. Gosto mais de bipar com uma gaja do que com as outras todas juntas.
- Os homens são fiéis com o coração, as mulheres com a bip.
- E porque é que as mulheres gostam de nós?
- Eu parto de um princípio de honestidade.
- Ele rasga-Ihes as cuecas. Tem mais graça do que "Eu parto de um princípio..."
- Porque é que elas gostam de mim? Não sou bonito, não sou bem parido, não sou nada. Tenho um certo charme...
- Gostas sinceramente delas.
- Esforço-me imenso. Sou um artista. Mando flores, etc.
- Gostam de mim como companhia, tipo companhia de circo.
- Eu faço-me de parvo.
- Acho que gostam de mim porque lhes desperto o instinto maternal.
- Eu também sou artista de circo. Só que faço de palhaço. Tenho sempre uma expressão muito triste. Enternece imenso. Apresento-me sempre como uma alma infeliz.
- Mas se um gajo as faz rir é meio caminho andado.
- Acho importante fazê-Ias sentir, logo ao princípio, que vão ser bipadas daí a algum tempo.
- Eu acho que gosto muito delas.
- E é por isso que elas gostam de ti.
- Eu venero.
- Eu acho que somos doentes.
- Este problema não tem saída.
- Penso sempre que uma mulher boa que não esteja nas minhas mãos é mal empregue. Dá-me angústia.
- Há uma solução. É ter um objectivo. Não é possível bipar todas as mulheres do mundo mas deve-se tentar.
- Sabemos que não conseguimos gostar de uma só.
- Quantas gajas é que cada um de nós já bipou ?
- Eu nunca consigo fazer uma lista.
- Haverá vida para além da mulher?"
in K, nº3, Conversas de ir ao Bip, Dezembro de 1990
"Os mulherengos não são uma raça extinta. Oiçam-lhes a verdade nua e crua. Sobretudo nua.
Não vale a pena estar com rodeios ou mentiras de ocasião: o que aqui se vai ler é absolutamente verdadeiro, retirado directamente das bocas de seis experientes exemplares do sexo masculino que discorreram livre, sincera e anonimamente - sobre todos os exemplares do sexo feminino. Se o resultado ofende sensibilidades ou choca moralidades, a culpa não é nossa: nada - mas mesmo nada - foi inventado. As mulheres podem ficar surpreendidas e escandalizadas por lerem pela primeira vez como eles falam delas: mas o homem que disser o mesmo mente, porque é impossível que ao menos uma vez na vida não tenha tido ou ouvido semelhantes conversas.
Os participantes desta animada tertúlia são todos senhores doutores, muito bem instalados na vida e com boas maneiras à mesa. Alguns chegam mesmo a ser casados. O que nos leva a constatar que nem os misóginos escapam.
Para evitar uma prematura saída de circulação desta edição e sobretudo porque ainda há gente que preza os seus empregos, decidimos substituir algumas expressões demasiado quotidianas. No seu lugar, irá aparecer um efeito sonoro de censura: o conhecido bip, acompanhado das suas declinações. Acreditamos que nem sequer os leitores mais atentos irão perceber pelo contexto o que se esconde (ou se põe à mostra) por detrás (salvo seja) de cada bip. ;
Sem se ter chegado a uma conclusão, foi possível verificar que as vidas dos homens são incrivelmente parecidas, e que as mulheres, meu Deus as mulheres são tão diferentes que apetece conhecê-Ias a todas. Prometemos entretanto que elas também terão direito a falar deles como quiserem. Garantimos o anonimato. Até lá, cuidadinho com homens educados, doutores e com boas maneiras à mesa. Alguns chegam mesmo a ser casados.
- A ideia é esta: as mulheres são objectos ou não? Isto é uma pergunta. Quando é que se pode bipar ou embipar uma gaja, quando é que uma pessoa tem confiança para... Depois, há diversos temas, doenças, o problema do adutor...
- Pois, problemas físicos...
- A higiene, a menstruação.
- E o trabalho que elas têm, aquela ficção das mulheres que têm trabalho e julgam que são...
- ...profissionais...
- ...engenheiras e que são...
- e que têm profissões; arquitectas, designers, antropólogas.
- O que é que as mulheres, no fundo, querem?
- As mono-orgásmicas, pluriorgásmicas as nada orgásmicas, mulheres com ejaculação precoce... agora há muitas coisas.
- Quando é que se desiste, quando é que é decente um gajo desistir? ...
- Desistir de quê?
- De fazê-Ia bipar-se.
- Qual é o limite do razoável? Outro tema: como deixar uma mulher? Como se faz para andar com várias. Distron.
- Essa do Distron...
- Nunca conheci uma que usasse.
- Sabe horrivelmente mal. Sabe dez mil vezes pior que o ácido úrico, amarga, arrepanha...
- Tipo amoníaco?
- Horrível! É o problema de ela pensar que vai entrar na vida artística contigo e "olha, vou só à casa de banho num instante" e lá vai ela fazer a sua higienezinha. Depois pensa que está asseada e só sabe a desinfectante.
- Sabe a piscina, a pirolito dentro da piscina.
- Eu prefiro o sabonete.
- Mas depois há segregações inerentes à própria...
- Sim, sim.
- O melhor é o sabão.
- É só enxaguar. Passar por água.
- É pena porque se perde aquele sabor metálico que às vezes é agradável... a aço...
- Isso é ácido úrico.
- Depende da personalidade de cada uma. E da cor do cabelo.
- As louras são piores. E as virgens piores ainda.
- Eu cá nunca bipei uma virgem.
- Eu só uma e ficou...
- Incompleto.
- Falta-te um diploma.
- Eu só duas.
- Eu só uma.
- Eu nunca e acho que não quero.
- Comigo foi engraçadíssimo porque eu não sabia. Foi há muitos anos. Dez anos.
- Já foste com algumas que fingem que são virgens?
- Não.
- Eu já.
- A melhor vez que fui, fui enganado. Foi uma que começou "Vamos bipar." Depois disse: "Isto afinal não é como dizem as minhas amigas. É uma grande merda."
- Virgens houve uma, minha namorada há dez anos, na altura em que era virgem. E outra há um ano. No último Outono. Estava no Kremlin com amigos, já meio grosso, e uma gaja novinha pôs-se na minha frente a rir-se muito. Fui buscar um copo e quando voltei ela continuava. Fiquei ao lado de já não sei quem, na conversa. Ela veio pôr-se ao meu lado. Fiquei lá na treta, na conversa com ela até às sete da manhã, até o Kremlin fechar. As amigas vieram perguntar se ela se ia embora e ela "Não, fico mais um bocado" e eu "Depois levo-te a casa." Aquela conversa.
- Conversa de ir ao bip.
- Sim, mas estávamos naquela de conversa decente. Podia ser minha namorada. Depois, já não sei como, ela foi parar a minha casa e estivemos na conversa no sofá. Pronto, vamos passar para a fase do quarto. Ela vira-se para mim e diz assim, com um sorriso de morrer: "Só há um problema, é que eu sou virgem." Eu não fazia a mínima ideia.
- O que é que fizeste?
- Bem, ela disse-me que tinha um problema.
- E resolveste?
- Ela nunca mais me largava...
- Estavas muito alcoolizado?
- A primeira vez não, mas não dava com aquilo. Deu trabalho, mas foi engraçado. No fim, compensa. E esse trabalho pedagógico de iniciação também é engraçado.
- Quando apanhas uma mulher na segunda bip é sempre melhor do que na primeira.
- Na primeira sofrem muito... ficam brancas.
- Será que as mulheres respeitam o homem que lhes tira os três?
- Respeitam? Veneram!
- Por isso é que elas não me têm respeito nenhum.
- Tenho medo. Já estive com uma virgem na cama e não a bipei.
- Quem é que as anda a bipar?
- Se calhar há um gajo que anda a bipá-las todas.
- São os primeiros namorados. Calha uma a cada um.
- Está certo.
- Mas eu não bipei a minha.
- Sim, mas eu já bipei duas.
- Dá conta certa.
- Novo tema: os adutores. Depois de um fim-de-semana muito sobrecarregado não ficas à rasca da perna?
- Isso afecta o pessoal mais gordo.
- Gostas mais de ser bipado ou de bipar?
- As duas coisas ao mesmo tempo. Quando estou mais bêbado gosto mais de ser bipado.
- Qual é a diferença?
- Uma mulher a bipar é muito mais sensual do que nós. Nós a bipar somos uns animais. Eu não tenho sensualidade nenhuma. Sou um javardo. Ou seja, nunca lhes pergunte "Sou muito sensual?”
- Odeio que me montem.
- Eu gosto das clitorianas.
- Eu estou-me nas tintas.
- Estás-te nas tintas?
- E o que é uma vaginal, afinal?
- São as que se bipam à bip.
- Por trás? E o ponto G?
- O ponto G não existe.
- Ande dias e dias à procura do ponto G e não encontrei. Tudo passado a pente fino.
- E as que se bipam por todo o lado?
- Tantas namoradas que eu já tive e que nunca se biparam...
- Nunca aconteceu dizerem-me isso.
- Se calhar têm vergonha.
- A maior parte das mulheres não finge.
- Há muitas que fingem.
- Não enganam ninguém.
- Não enganam? Nós é que não enganamos ninguém.
- Tive uma namorada com ejaculação precoce. Bipava-se logo.
- Isso é muito prático.
- Se gostas de bipas de meio minuto.
- E preciso saber aguentar.
- Isso é outro tema. Como se aguenta?
- Estou a chegar a uma idade em que consigo aguentar meia hora.
- Que idade é que tens, para eu saber quando é que vou conseguir lá chegar?
- É uma questão de disciplina.
- Meia hora? Então é porque estás velho. Eu só bebendo muito é que consigo.
- Não consigo controlar-me é se estiver com os copos.
- Há imensas coisas. A coisa pode ficar por ali imenso tempo. Converso.
- Pensas no cão?
- Eu penso em batatas podres, em lixo.
- Eu penso nos três anos de impostos por pagar, no IV A.
- Eu penso que estou a andar de bicicleta.
- Eu também!
- Este é o daquela frase "As mulheres são todas umas bip e é por isso que a gente gosta delas." É uma boa frase.
- Ainda por cima é verdade. Eu sou testemunha.
- Que é que fazes com uma gaja que está com o período?
- Faço a mesma coisa.
- Eu já fiz, mas já não faço.
- Eu fiz por engano.
- Não viste, estavas às escuras.
- Fui gozado por um amigo meu quando saí do quarto. O gajo disse que eu tinha sangue no nariz.
- Quando éramos putos, havia aquela coisa que era de homem um gajo não fazer bipadas. Aquele dizia "ninguém faz, ninguém faz, mas a verdade é que elas aparecem feitas".
- É verdade. Há 2 tipos de homens: os bipeiros e os mentirosos.
- Qual é a idade que acham melhor?
- Com as muito novas não se passa nada. Gostam de bipar mas não sabem.
- As melhores, as que eu gostei mais, foram as que já tinham sido casadas.
- Ora bem.
- De longe as melhores.
- As melhores são aquelas que um gajo ensina.
- Há uma coisa que hoje me cansa. A juventude. Vejo os putos passarem bêbados e lembro-me de quando tinha 18 anos. É uma altura que não tens...
- Isso é porque estás velho e a tentar justificar.
- Não, não estou velho.
- Desculpa. Um gajo aos 14 anos anda permanentemente...
- Mas dá menos...
- Dá muito mais. Nem tem comparação. Aos 18 anos, eram 11 e 12 por dia.
- Bipias?
- É triste mas é verdade.
- Não gostam nada.
- Não, eu acho que é preferível um gajo partir um armário.
- Isso é mais o estilo delas. Um gajo chatei-as e elas começam a partir as tuas coisas.
- Eu levo é muito estalo. Nunca dei, mas já levei uns valentes.
- Eu também. Já levei muitos.
- Até fiquei traumatizado.
- Que engraçado. Eu nunca levei.
- Eu também não.
- Eu já levei.
- Eu também.
- Devo ser um gajo porreiro. Nunca levei nos cornos.
- Um gajo quando bate é à bruta, não é?
- És obrigado. Dizes: "vai-me doer mais a mim do que a ti".
- Gostam de ser maltratadas na cama e bem cá fora. Essa é a combinação ideal.
- Como deixar uma mulher?
- Eu tenho lá uma em casa.
- Eu sou cobarde, quando quero deixar uma aproveito a primeira discussão para exagerar no tema de maneira a ser a última...
- Mas consegues que seja a última?
- Consigo...
- Eu já fiz isso mas sou muito efémero. Volto atrás.
- Eu sou totalmente cobarde... Se uma mulher me telefona e me pergunta "gostas de mim?” respondo “claro que gosto”.
- Eu faço com que sejam elas a deixar-me. Torno-me chato, tão chato, que são elas a deixar-me.
- A melhor maneira de deixar uma mulher é arranjar outra.
- Já repararam que numa relação prolongada com uma mulher, quando alguma coisa vai mal, a primeira coisa que ela faz é fechar as pernas?
- Nós podemos estar zangados, andar à porrada com elas, embebedar-nos, podem até pôr-nos os cornos - no dia seguinte, ou na hora seguinte, estamos em cima dela.
- Somos básicos.
- Ela, à primeira, arranja dores de barriga, de cabeça, problemas no trabalho...
- E a partir daí sabes quem controla? É ela.
- Um gajo quer sempre bipar. Um homem quando se zanga ou faz as pazes quer é bipar.
- As mulheres dizem que não. Que é violento. Querem ternura. A ternura é o cancro dos anos 90.
- Já fui gozado quando estava zangado. Um gajo fica mal visto e perde a posição moral.
- Eu entalo a bip no elástico das cuecas para não dar parte de fraco.
- Tu gostas mesmo de estar com elas.
- Gosto.
- Eu venero-as.
- Gosto muito da psicologia feminina.
- Psicologia feminina?
- Básica, previsível, violável.
- O que é que as mulheres realmente querem?
- Agarrar um gajo. Convencem-se a gostar de um gajo.
- Querem sempre casar-se. Mesmo quando dizem que são independentes.
- Querem estabilidade.
- Querem melhor.
- Depois de terem sido casadas pela primeira vez, de sentirem a dependência, querem é independência.
- Eu acho que somos todos cavalos. Elas apostam. A meio do percurso dizem: "Este cavalo não vai a lado nenhum". Divorciam-se e mudam de cavalo.
- Gosto da metáfora.
- Uma mulher bonita e inteligente arranja sempre quem a sustente.
- Porque é que um homem precisa de muitas e uma mulher precisa de um homem só?
- E porque é que elas não têm amigas?
- Odeiam amigas.
- Há uma coisa que me entristece imenso. É que a mulher é o único animal que quando está bem muda-se.
- São muito práticas.
- Acham que somos todos uns atrasados mentais e que nos divertimos com coisas superficiais.
- Têm ciúmes do convívio masculino.
- Divertimo-nos imenso. Somos capazes de rir com uma coisa completamente primária.
- Não sabem ser primárias como nós. Os nossos amigos são sempre os seus inimigos.
- Não acreditam que se esteja na conversa até às sete da manhã.
- Acham logo que um gajo esteve no engate.
- Outro tema. Fidelidade. Eu já fui.
- Eu também já fui. Mas por cobardia.
- Eu tenho ciclos.
- Toda a gente tem. Não se é fiel por princípio. Acontece.
- Nada entre um homem e uma mulher é uma questão de princípio.
- Fico chateado quando vejo as antigas namoradas com outros.
- Eu não porque elas estão sempre a olhar para mim.
- A propósito de fidelidade. Já fui fiel durante muito tempo e fazia ponto de honra em sê-Io.
- Eu sou fiel de coração. Gosto mais de bipar com uma gaja do que com as outras todas juntas.
- Os homens são fiéis com o coração, as mulheres com a bip.
- E porque é que as mulheres gostam de nós?
- Eu parto de um princípio de honestidade.
- Ele rasga-Ihes as cuecas. Tem mais graça do que "Eu parto de um princípio..."
- Porque é que elas gostam de mim? Não sou bonito, não sou bem parido, não sou nada. Tenho um certo charme...
- Gostas sinceramente delas.
- Esforço-me imenso. Sou um artista. Mando flores, etc.
- Gostam de mim como companhia, tipo companhia de circo.
- Eu faço-me de parvo.
- Acho que gostam de mim porque lhes desperto o instinto maternal.
- Eu também sou artista de circo. Só que faço de palhaço. Tenho sempre uma expressão muito triste. Enternece imenso. Apresento-me sempre como uma alma infeliz.
- Mas se um gajo as faz rir é meio caminho andado.
- Acho importante fazê-Ias sentir, logo ao princípio, que vão ser bipadas daí a algum tempo.
- Eu acho que gosto muito delas.
- E é por isso que elas gostam de ti.
- Eu venero.
- Eu acho que somos doentes.
- Este problema não tem saída.
- Penso sempre que uma mulher boa que não esteja nas minhas mãos é mal empregue. Dá-me angústia.
- Há uma solução. É ter um objectivo. Não é possível bipar todas as mulheres do mundo mas deve-se tentar.
- Sabemos que não conseguimos gostar de uma só.
- Quantas gajas é que cada um de nós já bipou ?
- Eu nunca consigo fazer uma lista.
- Haverá vida para além da mulher?"
in K, nº3, Conversas de ir ao Bip, Dezembro de 1990
Comentários
bjinhos rapazes