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A CARNE - Diário da decomposição

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Morrer. Passar-se. Morto e enterrado. Comer as alfaces pela raiz. Ir para o céu. Ir para os anjinhos . Sete palmos abaixo da terra. Marar . Bater as botas. Esticar o pernil. Dar o peido mestre. Falecer. Passar para o outro lado. Dar a alma ao criador. Deixar-nos. Apagar-se. Fenecer. Ir para o inferno . Bater às portas do paraíso. Ir para o maneta. Expirar. Dar o berro. Dar de comer às minhocas. Quinar . Finar. Esvaecer. Esmaecer . Perecer. Ir desta para melhor NA MORTE O seu coração parará, perderá o pulso e você deixará de respirar. Ficará pálido, todos os seus músculos se relaxarão e o seu corpo começará a perder calor à razão de O,7°C por hora. Após MEIA HORA A sua pele vai perdendo cor, à medida que o sangue desce sob o peso da gravidade. Se estiver deitado de costas, o sangue afluirá à zona das costas e à parte inferior dos seus membros. Qualquer pressão sobre a pele irá torná-la branca, porque o sangue se dispersará. As suas extremidades tomam-se azuis. Os olhos começam a afunda

Mulheres: As Italianas

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Quando falamos de Itália pensamos em Veneza, Da Vinci, spaghetti, o Papa, pizza, Miguel Ângelo, lasanha, Florença, Fellini, Dante. A Itália está em nós muito mais do que parece. E impensável o mundo sem alguma coisa que não tenha que ver com ela. Pertence-nos como pertence aos italianos. A culpa é deles por nos terem dado tanto. Tanto? Tudo. Até as mulheres. ACHO que não exagero ao dizer que o melhor cinema europeu foi, e talvez ainda seja, o italiano. Mas além das suas qualidades artísticas e das características que o fazem único, o cinema italiano ofereceu-nos uma galeria de mulheres tão extraordinárias, que seriam capazes de olhar de frente as suas rivais do grande cinema americano sem baixar os olhos. Querem umas temperamentais como Joan Crawford ou Bette Davis, Anna Magnani. Espiritual, chique como Grace Kelly ou Gene Tierney, Monica Vitti. Autoritária e sensual como Lauren Bacall, Silvana Mangano. O que diferencia uma actriz italiana de qualquer outra é também o que diferencia o

Rapidinhas Culturais

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A equipa editorial do blog K, estando atenta às conturbadas manifestações contra o aumento das propinas por parte dos estudantes universitários, resolveu dar uma ajuda a todos os que desejavam ir às aulas mas que, devido à universidade estar fechada a cadeado, não puderam. Este é o nosso contributo cultural para ajudar esses mesmos alunos... "Confrontados com o baixo nível das conversas da juventude portuguesa, decidimos dar o nosso contributo. Compreendemos que ninguém tem tempo e que, quando o há, temos coisas mais engraçadas que fazer do que ler um livro, por muito bom que ele seja. Ver vídeos, dar uma volta, embebedar-se, pecar em geral, são de facto actividades mais divertidas e mais rápidas. Por esta e outras razões pomos a nossa extensa cultura ao serviço de todos os ignorantes que nos lêem. Para poupar tempo e dinheiro aqui estão alguns tesouros da literatura universal em poucas linhas e ao alcance de qualquer besta. Marcel Proust . À Ia recherche du temps perdu . Paris,

Portugal vai ser tão bom, não foi?

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Ilustração: José Fragateiro Mais um excelente artigo de Miguel Esteves Cardoso , atestando o optimismo do início dos anos 90. Ele tinha razão: “quando a esmola é demais o pobre desconfia”. Mas para quem nunca soube, ou simplesmente, tenha reparado, nem sempre fomos um país de escândalos, de pedofilia, prostituição e corrupção. Já não estará na altura de termos umas merecidas tréguas? As nossas costas necessitam urgentemente de folgar... “C H E G O U a Primavera e é-me difícil reprimir esta exclamação, que pode ser irritante para os pobres, desempregados e idosos, que reflecte com certeza uma visão parcial da realidade, e que atesta o meu alheamento de tudo o que é importante e verdadeiro neste mundo; mas têm de me desculpar, porque rebentarei se não puder aqui desabafar: Olhem que bem que se está em Portugal! Será da estabilidade? Será das novas medidas de crédito para habitação? Será do regresso do camarão vermelho à costa do Estoril? Será por termos ganho a guerra do Golfo? Será por

Forçosamente Livres

«A crise do Ocidente tem de inédito o facto de ser, no fundo, uma crise da filosofia. (...) A inverosimilhança e a decrepitude teóricas são, como todos sabem, o fulcro do mal-estar da União Soviética. E o Mundo Livre não fica muito atrás.» ALLAN BLOOM, The Closing of the american mind NUM debate recente sobre a condição cadaverosa do regime democrático-totalitário cubano (1), voltou a falar-se na tese Fukuyamiana do «Fim da História». De tanto citada, arrisca-se esta a parecer uma doutrina póstuma. Mas não é. Para muitos eggheads de Washington, D.C., trata-se de uma das primeiras bases teóricas do neoliberalismo triunfante. Colocando no mesmo saco o pan-historicismo idealista e materialista, Fukuyama diz simplesmente que uma ideia política, o liberalismo , e um sistema político, a democracia , - triunfaram sobre os seus arqui-inimigos e arquétipos negativos, o comunismo e os regimes do chamado socialismo real . A história como dialéctica de experiências teria assim acabado - «por ago

Porque correm os homossexuais? (Parte 3)

E ei-Ios que se lançam de novo em mais uma corrida. Desta vez a fuga. O medo. O vírus da SIDA - associado directamente pela castradora mentalidade cristã ao castigo das práticas altamente promíscuas no seio da comunidade gay - fá-Ios correr. Novamente são os primeiros: a ser escorraçados, apontados, identificados como potenciais portadores do vírus fatal. Mas essas histórias já todos conhecemos. Nos últimos cinco, seis, sete anos, têm enchido jornais, revistas em todo o mundo, têm pregado ao sofá da sala famílias inteiras. A homossexualidade volta à boca do povo, Satanás cai sobre S. Francisco e aquela que já tinha sido considerada como "paraíso gay" parece simbolizar agora a terra onde o "castigo de Deus" - "God is gay", a famosa frase que nos anos 70 se escrevia nas paredes de Manhattan, parecia ironia aos olhos dos pragmáticos cristãos - mais se fez sentir. Mas o que é que havia - e há - de novo em tudo isso? Nada. A homossexualidade, como escreveu Regi

Porque correm os homosexuais? (Parte 2)

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Fotografia: Inês Gonçalves Após a revolta, a crítica. Ou: com a revolta, a crítica. Como diria Foucault, talvez os homens não inventem muito mais na ordem das proibições do que na dos prazeres. Na homossexualidade, as combinações são múltiplas. Os prazeres constantemente rebuscados, as proibições palavra-de-ordem para a sua essência. Um pouco como a criatividade, a homossexualidade vai a par com a censura: quanto mais a segunda existe, mais a primeira é pensada e reinventada. Como se precisassem de um inimigo, da eleição de um inimigo comum, para merecerem toda a genialidade da sua génese inicial. Na antiguidade clássica, o amor dos homens pelos rapazes (os paidika) era uma prática "livre", no sentido em que era não só permitida pelas leis, como também admitida pela opinião. Possuía cauções religiosas em ritos e festas onde se interpelavam, a seu favor, as potências divinas que deviam protegê-lo. Enfim, como diz Foucault na História da Sexualidade, "Era uma prática cultu

Porque correm os homosexuais? (Parte 1)

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Foto: Inês Gonçalves V I V E M em duplas existências, em caminhos paralelos, cheios de duplicidades, de duplos sentidos. Cliché? Certo, os gays portugueses resumem-se ainda a um enorme cliché de identidade ora exuberante, ora fechada em silêncios ou sussurros, ora em pequenos guetos com bandeiras culturais. Não correm a caminho de manifestações anti-rácicas Avenida da Liberdade abaixo, não se reúnem em parques ao domingo à tarde para debater violências e discriminações homofóbicas, não promovem abaixos assinados contra separatismos sexuais, morais, políticos que os afectem enquanto entidade sexual. Há dez ou onze anos atrás, levantaram a perna e parecia que alguma coisa ia acontecer. A revolução política ainda estava fresca nas memórias, o momento parecia indicado para se tomar posição e destaque hastear a bandeira da homossexualidade lusitana. Em Braga falava-se da primeira associação gay, em Lisboa preparavam-se os primeiros encontros - e julgo que os últimos -, em Janeiro de 81, do

Coisas para fazer com o "Público" que não consegue ler

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RESUMO: Não conseguir ler o "Público" não é vergonha nenhuma. Com jeitinho e paciência até que é um bel jornal! in K nº 4 , Delírios: Coisas para fazer com o "Público" que não consegue ler , Janeiro de 1991

Doce palavra vingança

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O problema é que se vive a mania da civilização, com tudo o que a ela está pegajosamente agarrado: a dentadura sorridente tem de estancar a fúria, as discórdias têm de ser esquecidas nos locais de trabalho porque senão a cotação da bolsa desmaia, a música tem de se ouvir baixo porque há vizinhos em cima, os namoros acabam-se com prendas em vez de tiros, e por aí fora numa insensatez humana que não faz sentido nem aproveita ninguém a não ser o abstracto bem estar social que nos oprime. Quem se enfurece tende a acalmar o tumulto que alguém lhe colocou no corpo. Acontece que não é fácil descobrir em nós onde se situa essa semente de vingança que nos definha e nos mata pouco a pouco: se nos olhos porque ver quem nos quer mal é o pior de tudo, se na memória porque as recordações daquilo que o inimigo nos fez nos aniquila aos poucos, se nos ouvidos porque ouvir falar dele é doloroso, se noutros cantos escuros do nosso corpo que ainda se sentem traumatizados apesar de já ter passado algum tem

O Barbeiro

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Fotografia: Pedro Cláudio A MAN'S gotta do what a man's gotta do», diria John Wayne ou outro como ele. A frase parece redundante, mas não é; e o pior é que está a cair em desuso. Hoje, os homens já não fazem o que têm de fazer, mas o que pensam que toda a gente faz. Mais grave ainda: vão onde toda a gente vai, mesmo que isso signifique ir a um «cabeleireiro unissexo». Das modernas perversões, não consigo imaginar nenhuma pior do que os cabeleireiros unissexo. Não é só a perda de mais um universo masculino - é o abandalhamento de um ritual de iniciação. Ir ao barbeiro desde menino, acompanhado pelo pai, é um dos hábitos mais saudáveis para a educação de um rapaz. Logo em pequeno aprende a conviver com conversas sobre mulheres, política e futebol enquanto é acarinhado por aquele que, a partir desse momento mágico, irá ser o seu barbeiro. Ao longo dos anos, o barbeiro torna-se cúmplice na vida do adolescente: fala-lhe dos estudos, da vida, conta anedotas, pergunta-lhe como estão o

Anedotas

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Um preto entrou numa loja para comprar chocolate. O empregado perguntou: «Branco ou preto?» Então o preto tirou o cinto, desapertou a braguilha e disse: «Baixa as calcinhas». Um branco entrou numa loja para comprar leite. O empregado perguntou: «Com ou sem café?» O branco respondeu: «Vai pró caralho». Uma mulher foi ao hospital à procura do marido. O médico de serviço era preto e disse: «Dispa- -se», A mulher, sentindo-se insegura, respondeu: «Não.» Então o médico rapou da sarda e violou-a. Um arquitecto homossexual quis comprar uma mobília de quarto. Meteu-se no carro para ir ao Vassoureiro mas perdeu-se e atropelou um cão. Quando a mulher lhe perguntou «Onde é que estiveste toda a tarde?» ele respondeu: «Fui comer um gelado ao Patchuka.» Era uma Vez um papagaio com um pénis do tamanho de um Caran d’Ache. Um dia uma criança ofereceu-lhe uma Bélita e ele sofreu uma erecção massiva. «Olá», disse a criança. «Que é isso que tens entre as pernas?» E o papagaio ripostou: «Pouca conversa e b

Manual nazi para detectar taxas de risco. .

Antes de chegar a vias de facto com a jovem é possível, com diplomacia, avaliar os factores de risco dela ser seropositiva. Em caso de resposta afirmativa a QUALQUER UMA DESTAS PERGUNTAS , afaste-se imediatamente da pessoa infectada e informe os seus amigos e a polícia. Ex: 1. «Não achas que cada um tem direito à sua sexualidade?» 2. Costumas ir ao Frágil? 3. Eras capaz de dar um beijo num preto? 4. Alguma vez levaste no c*? 5. Tens ido ao dentista ultimamente? 6. Ele é solteiro? 7. Emprestas-me a tua seringa? 8. Vais votar no PRD? 9. Foste à exposição do Mapplethorpe? 10. Gostas de Jean Genet? 11. Posso levar-te a casa? Todo o cuidado é pouco! O seronegativismo Como estilo de vida. O SERONEGATIVISMO baseia-se nos mais modernos princípios médicos e éticos e foi desenvolvido nos anos 30 pelo Professor Ângelo Mengel nos laboratórios de Spandau Ballet. SER SERONEGATIVO hoje é afirmar a masculinidade de uma forma equilibrada e saudável. SE QUER REALMENTE EVITAR O MÍNIMO RISCO DE SIDA: Ao

FAMÍLIA-UTOPIA

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Ilustração: José Fragateiro Nos dias que correm, assiste-se a uma cada vez maior degradação do conceito de família e dos seus valores mais básicos. O texto que Miguel Esteves Cardoso escreve aqui, continua cada vez mais actual. Será este o modelo ideal de família? “HÁ QUALQUER coisa de errado na família. A família não funciona. Sei que, como conservador, deveria defender a família. Mas não consigo. A família é indefensável. É um equívoco. É um efeito de economia. A família está a dar cabo das pessoas. E das famílias. Porque é que as pessoas, só por serem consanguíneas umas das outras, hão-de viver juntas? As crianças haviam de ser separadas dos pais desde a mais tenra idade. Os próprios pais haviam de ser separados um do outro desde a mínima ternura. Só assim é que o amor poderia crescer e a família continuar. Há algo de promíscuo na maneira como as famílias vivem. As pessoas vivem umas em cima das outras. São obrigadas a ver o mesmo canal de televisão, a comer o mesmo arroz de polvo,

Delírios: Os melhores anos da nossa vida

O sonho realizado de qualquer homem seria: . Louise Brooks, em 1920. . Mae West, em 1931. . Beatriz Costa, antes de fazer o Canção de Lisboa. . Mata Hari, em 1914. . Zita Seabra, em 1917. . Frieda Kahlo, em 1937. . Todos os modelos de Man Ray, em qualquer altura. . Eva Braun, em 1943. . Marlene Dietrich, até 1970. . Veronica Lake, em 1947. . Rita Hayworth, até conhecer Orson Welles. . Ingrid Bergman, em 1951. . Marilyn Monroe, em 1964. . Debra Winger, até 2003. . Michelle Pfeiffer, até 2010. . Madre Teresa de Calcutá, em 1926. . Margaret Thatcher, em 1926. . Michelle Creton, em 1927. . Grace Kelly, antes de ser nobre. . Indira Ghandi, em Goa. . Carolina do Mónaco, antes de ficar viúva. . Teresa Patrício Gouveia, antes de ser secretária. . Stéphanie, antes dos onze anos. . Natália Correia, em 1953. . A rainha má, antes de a Branca de Neve nascer. . A Branca de Neve, antes de se meter com anões. . A irmã Lúcia, quando Fátima era apenas um descampado. . A mãe do nosso melhor amigo, em 194

Rua dos Cardais de Jesus

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Pintura de Ilda David ESTANDO nesta minha morada sazonal, num sábado lento, como são os da cidade, fui surpreendida pela harmónica do amola-tesouras e cujo emblema era um guarda-chuva desmantelado. Daí que o pusessem na lista dos maus presságios anunciador de borranca. E a verdade, é que ela chegava sempre. A nitidez com que soava a gaita de beiços era já prenúncio de ser coada pela humidade do ar. Lisboa é ainda um paraíso de usos e costumes. A par do grande mercado, abundante de queijos franceses e melões de Murcia, há ainda a venda miudinha de bairro que é tão central como o Patriarcado e aonde chegam de todos os clientes: meninos de escola que mascam pastilha elástica e velhas reformadas que discutem o drama dos Kurdos, entre um pacote de margarina e uma caixa de fósforo. Lisboa tem tudo o que tinha há cem anos e algumas novidades de computador e electrodomésticos entre os quais reina o micro-ondas. O lixo é hoje mais sofisticado e não existe já o guarda-mor dos Lastros que proibia

Há gente para tudo: O Castigo

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DIZ-SE que o castigo infligido às raparigas nasceu nos bordéis, consequência inevitável de um serviço não inteiramente satisfeito ou de algum capricho não realizado. Curiosamente, esta mesma versão responsabiliza não homens irascíveis mas as donas dos próprios bordéis. Uma delas até teve a ideia de fotografar o momento do castigo para mostrar aos seus clientes a disciplina que reinava na casa que dirigia. Teve o efeito inesperado de se converter em mais uma atracção. Outra versão sugere a origem de tão severa prática nos colégios internos de raparigas. Sendo tanto uma como outra explicações possíveis, e não contraditórias, as duas pecam por certo novecentismo excessivo. Acredito que o castigo, como preliminar erótico, deve ter começado no momento em que uma mulher disse não, e se decidiu castigá-Ia não apenas com sofrimento, mas sobretudo com humilhação. No limiar do sado-masoquismo, o castigo é prática erótica mais mística. A expiação antes de cometer o pecado assegura a inocência co

Fugir de Portugal - Parte 4 -A Coca

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Fotografia: Pedro Cláudio QUE IRONIA ESTA, que dentro da asfixia provocada por um país que consagra por indiferença, por ambição ou por ressentimento um sistema tecnocrático como o cavaquismo, a cocaína - a mais técnica de todas as drogas - possa ser uma maneira de escape. Se se pudesse dar uma droga a cada cor política, a cocaína seria a droga do regime, como o charro é a dos desiludidos da esquerda, a heroína dos abstencionistas, a ecstasy dos CDU e liberais, etc. é evidente que a cocaína não é propriamente uma droga dos trabalhadores: pelo preço, à volta de doze contos a grama; pelo efeito - a coca é a droga da eficácia imediata, não da produção em série. Cheira-se uma linha e tem-se a sensação de que se pode ser nomeado subsecretário de Estado sem necessidade de experiência alguma (pegue-se neste exemplo só como um exemplo, não como um boato). Ou que seremos irresistíveis em qualquer sítio e com qualquer pessoa, é um facto que devemos acreditar quase cegamente na experiência médica

Fugir de Portugal - Parte 3 - O Haxe

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Fotografia: Pedro Cláudio AS DROGAS NATURAIS estão a fazer um repentino comeback depois do último Verão, com o reflorescer de milhares de novas plantações domésticas em marquises disseminadas pelo País Real, em vasos de terraços e nos próprios canteiros da GNR de Vila Nova da Zambujeira. Não se trata de um renascimento neo-hippie, à semelhança do que se pode observar em Londres e noutras capitais europeias. Longe de qualquer onda saudosista, o renascer do consumo do haxe e da erva é apenas o grito de revolta dos mais desfavorecidos perante o insuportável tédio que impregna a vida quotidiana dos portugueses. É que nem todos podem esportular as maquias exigidas pelos produtores das pastilhinhas coloridas que se tornaram moda nos últimos tempos entre os escapistas ricos deste nosso País Real. Como alternativa às multinacionais do crack e da ecstasy, ao luxo da coca e do cavalo, resta-nos o retorno aos bons velhos produtos naturais, que entorpecem sem causar dano, que entontecem sem fazer