Delírios...


FASCINADOS com o estilo que o nosso prezado colaborador António Cerveira Pinto imprime às suas conversas, decidimos tentar descobrir o segredo.


CONVERSA COM A.C.P.
- Isso está a funcionar?
- Espero que sim...
- Eu pus pilhas novas.
- São alcalinas?
- Não, são da Praça de Espanha.
- De qualquer modo, podemos começar.
- É melhor fazer o teste, porque há coisas que, apesar de tudo, gostava que ficassem ditas.
- Vamos lá: atenção, um, dois.
- Um, dois, três, quatro, experiência, já chega. Põe para trás.
- Já tinhas usado esta cassete antes?
- Não sei, vamos ouvir.
- Gravou tudo.
- Ainda bem, já viste o que era se não estivesse gravado... (risos).
- Este gravador é mesmo bom...
- Pois, é um sony.
- Olha que há sonys que...

Eis uma brevíssima selecção do saber reaccionário que tão injustamente é esquecido ou posto de lado pela arrogância inocente de um liberalismo que tantas frustrações causou às últimas gerações.

O MEU PAI TINHA RAZÃO (algumas verdades reaccionárias)

Para uma mulher, ter carro já nos diz alguma coisa. Quem não viu já, parada nos semáforos de uma grande cidade à noite, uma mulher sozinha ao volante, muitas vezes de saia curta.

As mulheres que fumam em público também não são de fiar. O vício, que no homem se aceita, torna-se grosseiro na mulher.

Quem não viu já uma mulher a fumar numa paragem de autocarro como se fosse a coisa mais natural deste mundo? Com que autoridade depois se quer castigar o negro atrevido que se mete com ela, pedindo lume e vai-se lá saber que mais? Não é assim que se consegue baixar a taxa de violações no nosso país.

A maquilhagem que, até certo ponto, é um ornamento agradável, pode induzir o transeunte em erro e ser um chamariz. Já diz o Nosso Povo que «Mulher que se arranja, não é para agradar ao marido». Dito em bom português, «Mulher que se pinta, se não é puta então é o quê?»

Há limites para tudo. Não nos esqueçamos que em muitas culturas as mulheres são circuncisadas à nascença e não são menos felizes nem menos femininas por isso muito pelo contrário. O mito do «orgasmo feminino», que tanta ansiedade provocou nos anos «the sixties», perdeu-se na bruma da droga e do comunismo. A mulher moderna já não exige do marido mais do que um pouco de moderação, carinho e respeito.

E o voto? Cala-te boca... Dizem-se democratas mas nós não podemos dizer o que pensamos. Criticam-se muito a Alemanha e a África do Sul. E não são só os Negros...

A virgindade é um tesouro. É a prova mais acabada da pureza de uma mulher. É, sem malícia, uma «iguaria» que apenas um cavalheiro sabe conquistar ou para sempre pôr de parte. Quantos homens não dão o devido valor a esta entrega, nem a recompensam como ela merece. Dizem que o casamento está outra vez na moda.

Ainda bem! Cuidado com:

Mulheres que não usam soutien-gorge.
Mulheres que usam soutiens-gorges coloridos ou negros.
Mulheres que fumam.
Mulheres loiras.
Mulheres de cabelo comprido.
Mulheres com olhos temos.
Mulheres estrangeiras.
Mulheres divorciadas.
Mulheres com cursos universitários.
Mulheres com livros de cheques.
Mulheres dos outros.
Mulheres casadas sem filhos.
Mulheres sozinhas com os filhos.
Mulheres que passeiam com um cão.
Mulheres que escrevem.
Mulheres protestantes.
Mulheres inteligentes.
Mulheres muito bonitas.
Mulheres que gostam de vinho.
Mulheres com amigos.
Mulheres que não gostam de cozinhar.

In K nº9, Delírios, Carlos Quevedo, Junho 1991

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